Os Ecos das Revoluções de 1848 no Brasil: formas de pensamento, literatura política e transferências culturais

Autores

  • Marisa Midori Deaecto Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.35921/jangada.v1i17.361

Palavras-chave:

Revoluções de 1848, Revolução Praieira, François Guizot, França, Brasil, Transferências culturais

Resumo

O presente artigo propõe um estudo sobre a recepção dos debates políticos ensejados durante as Revoluções de 1848, na Europa, a partir de suas matrizes francesas, entre literatos e figuras políticas atuantes no Brasil. A análise parte da leitura que os jornais cariocas fizeram da Revolução que eclode em Paris, em 23 de fevereiro de 1848, destronando o rei Luís Filipe. Para melhor dimensionar o comportamento da imprensa e de seus arautos nesse momento, propõe-se um quadro comparativo entre o parti pris político dos formadores da opinião pública frente à Revolução de 1830 e, depois, em 1848. Tal perspectiva nos permite observar, por meio de um estudo de caso, a saber, a recepção do libelo antidemocrático de François Guizot, o modus operandi da classe política na promoção da propaganda antirrevolucionária (em 1848), ao mesmo tempo que a imagem do jurista e ideólogo francês será reabilitada em uma chave oposta àquela apreendida em 1830. Ou seja, de paladino das liberdades constitucionais, o doutrinário francês se converte em opositor visceral do sufrágio universal e das lutas sociais, num só termo, do que ele classifica como “idolatria democrática”.

Referências

ABREU E LIMA, José Ignacio. Socialismo. Recife, Typographia Universal, 1855.

ADORNO, Sérgio. Os Aprendizes do Poder. O Bacharelismo Liberal na Política Brasileira. 2a. ed. São Paulo, Edusp, 2019. [1a. ed., 1988]

AGULHON, Maurice. 1848. O Aprendizado da Republica. São Paulo, Paz e Terra, 1991.

AIRES, Vivian Nany. Da Sala de Leitura à Tribuna: Livros e Cultura Jurídica em São Paulo no Século XIX. Tese de Doutorado, São Paulo, Fac. de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2018.

AZEVEDO, Álvares de. Cartas de Alvares de Azevedo. Comentários de Vicente de Azevedo. São Paulo, Academia Paulista de Letras, 1976.

________. Obras Completas. Organizada e Anotada por Homero Pires. 8a. ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1942, 2 t.

BOSI, Alfredo. Entre a Literatura e a História. São Paulo, Editora 34, 2013.

DEAECTO, Marisa Midori. História de Um Livro. A Democracia na França, de François Guizot. Cotia, Ateliê Editorial, 2021.

________. O Império dos Livros. Instituições e Práticas de Leituras na São Paulo Oitocentista. 2. ed. São Paulo, Edusp, 2019. [1a. ed., 2011]

DEAECTO, Marisa Midori; SECCO, Lincoln F. “Seditious Books and Ideas of Revolution in Brazil (1830–1871)”. In: VASCONCELOS, Sandra Guardini; SILVA, Ana Claudia Suriani da (orgs.). Books and Periodicals in Brazil (1768–1930). A Transatlantic Perspective. London, Legenda, 2014, p. 52-67.

ESPAGNE, Michel. Les Transferts Culturels Franco-Allemands. Paris, PUF, 1999.

FARIA, Maria Isabel; PERICÃO, Maria da Graça. Dicionário do Livro. Da Escrita ao Livro Eletrônico. São Paulo, Edusp, 2008.

FREYRE, Gilberto. Um Engenheiro Francês no Brasil. Prefácio de Paul Arbousse-Bastide. Rio de Janeiro, José Olympio, 1960, 2 t.

GALLO, Ivone. “O Brasil e o Socialismo do Século XIX: Fourieristas no Saí”. In: Franceses no Brasil. Séculos XIX-XX. Org. por Tania Regina de Luca e Laurent Vidal. São Paulo, Ed. Unesp, 2009, p. 147-160.

GODECHOT, Jacques. “L’Expansion de la Déclaration des Droits de l’Homme de 1789 dans le Monde”. In: Annales Historiques de la Révolution Francaise, n. 232, p.201-213, 1978.

GONÇALVES, Adelaide. “As comunidades utópicas e os primórdios do socialismo no Brasil”. In: E-topia: Revista Electrónica de Estudos sobre a Utopia, n.º 2, 2004.

GUIZOT, Francois. A Democracia em Franc?a. Tradução em portuguez por *** [José da Gama e Castro]. Rio de Janeiro, Livraria d’ Agostinho Freitas Guimaraes & Cia., 1849.

HALLEWELL, Laurence. O Livro no Brasil. Sua História. 2. ed. São Paulo, Edusp, 2012. [1a. ed., 1985]

HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

HOLANDA, Sergio Buarque de. Capítulos de História do Império. São Paulo, Companhia das Letras, 2010.

IGLÉSIAS, Francisco; SOUZA, J. A. Soares de; HOLANDA, Se?rgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira: O Brasil Monárquico, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1987, v. 6, tomo II.

MAIOR, Paulo M. Souto. Nos Caminhos do Ferro: Construções e Manufaturas noRecife (1830-1920). Recife, CEPE, 2015.

MARSON, Izabel Andrade. Revolução Praieira, Resistencia Liberal a Hegemonia Conservadora em Pernambuco e no Império (1842-1850). São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2009.

MARTINS, Oliveira. Portugal Contemporâneo. Lisboa: Guimarães Editores, 1952.

MOTA, Carlos Guilherme. A Ideia de Revolução no Brasil e Outras Histórias. São Paulo, Globo, 2008. [1a. ed. 1970].

NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império. Sua Vida, Suas Opiniões, Sua Época. São Paulo/Rio de Janeiro, CEA/Civilização Brasileira, 1936, 2 vols. [1. ed., 1897].

OEHLER, Dolf. O Velho Mundo Desce aos Infernos. Autoanalise da Modernidade Após os Traumas de Junho de 1848 em Paris. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.

“Officio da Camara ao Exmo. Vice-Presidente desta Província, e seu Conselho”, São Paulo, 8 de outubro de 1830’, Registro Geral da Câmara, vol. XX, São Paulo, 1832.

PAIVA, Tancredo de Barros. Acchêgas a um Diccionario de Pseudonymos. Iniciaes, Abreviaturas e Obras Anonymas de Auctores Brasileiros Sobre o Brasil ou no Mesmo Impressas. Rio de Janeiro, J. Leite e Cia., 1929.

PRADO JR., Caio. Evolução Política do Brasil e Outros Estudos. 3. ed. São Paulo, Brasiliense, 1961. [1a. ed., 1933]

PORTO, Walter da Costa. O Voto no Brasil. Da Colônia a? Sexta República, 2. ed. rev., Rio de Janeiro, Topbooks, 2002.

QUINTAS, Amaro. “O Espirito ‘Quarante-Huitard’ e a Revolução Praieira”. In: Revista de História, vol. 19, n. 40, p. 303-324, 1959.

QUINTAS, Amaro. O Sentido Social da Revolução Praieira. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967.

ROCHA, Justiniano Jose? da. Ação; Reação; Transação. Duas Palavras Acerca da Atualidade Política do Brasil (1855), Estudo Introdutório, Notas e Estabelecimento do Texto por Tâmis Parron, São Paulo, Edusp, 2016.

RODRIGUES, José Honório, “Resenha”, Revista de História, v. 48, n. 98, 1974.

SECCO, Lincoln. História da União Soviética. São Paulo, Ed. Maria Antônia, 2020.

SILVA, Inocêncio Francisco da. Dicionário Bibliográfico Português, tomo IV, Lisboa, Imprensa Nacional, 1973.

THEIS, Laurent. Francois Guizot. Paris, Fayard, 2008.

Downloads

Publicado

2021-08-09

Como Citar

Deaecto, M. M. (2021). Os Ecos das Revoluções de 1848 no Brasil: formas de pensamento, literatura política e transferências culturais. Jangada: Crítica | Literatura | Artes, 9(1), 11–33. https://doi.org/10.35921/jangada.v1i17.361