“Um oceano de acúmulos": os devaneios e as águas em 'No fundo do oceano, os animais invisíveis', de Anita Deak
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v13i1.646Palabras clave:
Devaneio, trauma, tortura, infânciaResumen
Em No fundo do oceano, os animais invisíveis, acompanhamos a vida de Pedro Naves, do seu nascimento até os anos em que participa da resistência armada contra a Ditadura Militar. A reconstituição da sua trajetória, feita depois dos acontecimentos narrados, segue uma espécie de ilusão biográfica (BOURDIEU, 1996), em que a narrativa se organiza de acordo com um telos, ao qual tudo se direcionaria de maneira coesa e linear. Entretanto, devido às experiências traumáticas do narrador, esse projeto se mostra irrealizável. O efeito disso é uma narração vertiginosa, em que a impressão constante é a de uma iminente diluição do narrador. Porém, esse desfazimento é obstado pela emergência das suas vivências de infância e pela grei familiar que ele convoca, os quais exercem um papel aglutinador da sua identidade. Assim, procuro examinar neste trabalho como o narrador busca em suas vivências infantis as cores para narrar as suas experiências traumáticas.
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